O mais inovador na gestão do Serviço Civil do Chile é a existência do sistema de “Alta Gestão Pública”. Suas características não diferem muito do sistema de Serviço Executivo Sênior da Austrália ou do sistema da Nova Zelândia, em que, de fato, foi inspirado. Mais uma vez, a este respeito, o Chile se converte em pioneiro na América Latina.
Existem dois níveis de dirigentes públicos que pertencem ao sistema de Alta Gestão Pública. Estes níveis somam 1000 indivíduos. Acima destes dois níveis, hierarquicamente, se encontram os dirigentes de livre provisão ou cargos de confiança (1000 pessoas). O Governo do Presidente Piñera se comprometeu a escolher também, com base nestes esquemas, os 3500 diretores municipais e os 2800 responsáveis de cargos nas perfeituras.
O sistema é administrado pelo Departamento de Administração Pública e é supervisionado por um Conselho. O órgão é composto de cinco membros, dos quais quatro são senadores da República. O papel do Conselho é fiscalizar todo o processo de seleção. A ele são encaminhados os pedidos de nomeação e é também o Conselho que contrata os órgãos de gestão externas da administração – head-hunters – para realizar o recrutamento. Quando o Conselho não indica diretamente, indica um comitê de alto nível para fazê-lo. A empresa contratada para realizar o recrutamento utiliza informações de caráter legal, currículos, testes para medir competências de gestão e entrevistas para avaliar traços psicológicos. Os candidatos identificados pelos recrutadores externos se submetem a uma entrevista final com os membros do cômite para proceder com a tomada de uma decisão final.
Os contratos têm três anos de vigência, renováveis por outros dois períodos. A culminação da relação de emprego pode ocorrer por razões políticas e implica em pagamento de uma indenização por demissão. Depois de comprometer-se com o contrato de gestão, os gerentes eleitos recebem uma formação inicial e têm a oportunidade de desenvolver habilidades específicas.
Cada funcionário deve cumprir com as metas de um contrato de gestão. Periodicamente, o funcionário contratado está obrigado a prestação de contas através de um informe ao Ministro ou ao titular da agência governamental. Estes informes devem relatar o nível de realização dos objetivos que, por sua vez, afetam a remuneração do gerente em seu próximo período de trabalho. A relação laboral termina com a avaliação do cumprimento dos termos do contrato de gestão.
O sistema tem gerado, tanto na avaliação realizada pelo Governo quanto na feita por especialistas externos, ótimos benefícios na melhoria da produtividade e da qualidade dos serviços prestados ao cidadão . Alguns problemas encontrados ao longo da execução foram resolvidos de maneira gradativa. Ao mesmo tempo, a Direção da Alta Gestão Pública está tratando de manter um diálogo permanente com os funcionários eleitos a fim de ampliar seus níveis de qualificação profissional. Paralelamente, os contratos de gestão, antigamente muito brurocráticos, estão sendo incrementalmente simplificados.
Apesar de todos estes avanços, a mudança cultural está em curso. Embora a instituição tenha permanecido no tempo, frequentemente ameaçados pelos interessados em manter o controle político destas esferas do poder. Isto é observado, pricipalmente, quando um governo recém-empossado promove a dispensa de certos funcionários eleitos mediante este sistema por outros funcionários com os quais tem maior afinidade ideológica ou técnica.