Em termos gerais, os Estados brasileiros ainda não adotaram instrumentos para medir a qualidade da gestão como o Canadá tem feito. Embora existam iniciativas parciais, não há nenhuma avaliação sistemática da gestão das agências públicas. A iniciativa mais importante para a implementação de um controle mais estreito da gestão das organizações é incorporada no programa GESPUBLICA. O mesmo é liderado pelo Ministério do Planejamento e é seguido por alguns estados e municípios. No entanto, GESPUBLICA é um programa ao qual as organizações aderem voluntariamente e, neste sentido, não implica em um controle sistemático do governo. Por isso, ressalta-se que há muitas oportunidades para avançar neste campo no Brasil. É interessante notar que este monitoramento, no Canadá, está associado com outras iniciativas recentes, tais como o fortalecimento do controle interno, cujo principal objetivo é o controle de gastos (meta fortemente perseguida pelo governo no contexto da atual crise econômica). No campo da gestão de pessoas, o exemplo canadense também tem muito a contribuir para a presente Administração Pública do Brasil. Os indicadores nessa área são permanentemente monitorados e isso permite gerar novas políticas. Um processo semelhante ocorre na Austrália.
O Treasury Board Secretariat também tem políticas específicas para o desenvolvimento administrativo e a gestão do talento. O objetivo das mesmas é cobrir as vagas em função das competências dos potenciais funcionários. Estas políticas focam em questões de classificação, desenho de planos de carreira consistentes, remuneração, gestão do desempenho, e atribuições especiais. O propósito buscado é a geração de condições de trabalho equivalentes para os executivos do setor público. Ao mesmo tempo, tem por objetivo proporcionar as condições adequadas para que os executivos possam responder de forma eficiente tanto às mudanças operacionais quanto à implementação de processos de transferência de conhecimento.
No mesmo campo, esta agência promove ações para o aumento das habilidades de liderança dos executivos por meio de programas de formação e de contratos temporários para que os gestores do setor público trabalhem em empresas e organizações não governamentais. A gestão do desempenho administrativo busca, no caso do governo canadense, a excelência no rendimento, por meio do estabelecimento de objetivos claros. Para isso, avalia-se com precisão o alcance dos resultados, é conduzido o reconhecimento dos serviços prestados (incluindo o ponto de vista financeiro). Quanto a este último, foi criado um quadro de referência para que a gestão do rendimento se assemelhe em todas as agências governamentais.
Há poucos programas coerentes e sustentados de capacitação para funcionários e líderes no setor público dos Estados brasileiros. O recrutamento das pessoas para os postos de liderança está ainda muito ligado à politização da Administração Pública. Como mudança de tendência, pode-se citar as recentes iniciativas de cortes meritocráticos (Goiás e São Paulo) que estão tratando de profissionalizar os ocupantes dessas posições. Outra iniciativa é a criação da carreira de gestores profissionais que, no entanto, não pode ser equiparada estritamente aos gestores do governo canadense. O fortalecimento dos gestores públicos e sua alocação de trabalho de acordo com as suas capacidades são duas tarefas fundamentais que devem ser executadas para melhorar o desempenho das máquinas burocráticas dos Estados brasileiros.