As lições aprendidas durante a visita ao ServiceOntario são perfeitamente aplicáveis à realidade brasileira. Apesar de no caso do Brasil haver uma tradição de duas décadas de existência de centros únicos de serviço presencial (Poupatempo, Unidade de Atendimento Integrado, etc.), ainda deve-se empreender muitas tarefas em termos de prestação de serviços ao cidadão. Em primeiro lugar, deve-se avançar na estratégia multicanal. Neste sentido, a incorporação gradual de call centers que funcionem sob rigorosos critérios de qualidade e de web sites amigáveis (e acessíveis), em diferentes distritos, pode tomar como referência o modelo da província de Ontário.
Em relação à mencionada estratégia multicanal, duas questões observadas durante a visita devem ser consideradas. No caso brasileiro, pela especial dispersão demográfica de parte de sua população, os canais telefônicos e virtuais são fundamentais para atender às necessidades de comunidades distantes dos grandes centros urbanos. Ao mesmo tempo, como em outras sociedades de nível de desenvolvimento médio, a média de envelhecimento da população brasileira vem se acentuando. Isto faz com que, como no caso canadense, a presencialidade de certos centros de serviço deva também privilegiar atendimento a este componente da realidade brasileira.
Outro assunto pendente, no caso brasileiro, se encontra em relação à identificação segura dos usuários que utilizam os serviços públicos virtuais. Para isso, os sistemas a serem aplicados devem responder ao nível de privacidade da informação da qual dispõem os órgãos governamentais. Em outras palavras, uma maior sofisticação tecnológica na área deve ocorrer apenas no momento da transmissão, por parte do usuário, de dados estritamente sensíveis. Caso contrário, poderá provocar uma lentidão disfuncional do sistema.